Estudo Bíblico – 11
Deus é digno de honra e louvor
A palavra portuguesa “adoração” significa
amor profundo e respeitoso e prestar culto a alguém.
As palavras
Hebraicas e Gregas traduzidas para o Português como adoração são muitas, mas as
principais contêm a ideia base de serviço ou dever, tal como um escravo
demonstra para com o seu senhor. Elas expressam o pensamento de que somente Deus
é Senhor sobre tudo o que tem vida, conforme ilustrado na resposta de Cristo a
Satanás em Lucas 4:8, “Mas Jesus respondeu-lhe: “A Escritura diz: Adorarás o
Senhor teu Deus e só a Ele prestarás culto.” (Lucas 4:8; Mateus 4:10;
Deuteronómio 10:20).
Outros
conceitos incluem sacrifício, vénia, oferta, confissão, homenagem, devoção, etc.
“A essência da adoração divina é dar – o nosso dar a Deus o que é devido a Ele”
(Barackman 1981: 417).
Cristo disse
“Porém, chegou o tempo, em que todo aquele que adora o Pai como deve ser, o deve
adorar espiritualmente e com verdade. Assim é que o Pai quer que o adorem. Deus
é espírito e os que o adoram devem fazê-lo espiritualmente e com verdade.” (João
4:23-24).
A passagem
acima sugere que a adoração é dirigida ao Pai, e que é uma parte integrante da
vida do crente. Tal como Deus é Espírito, também a nossa adoração não será
unicamente física mas também envolve o nosso próprio ser e está fundamentada na
verdade (notem que Jesus, a Palavra, é verdade – ver João 1:1, 14; 14:6;
17:17).
Toda a vida
de fé é adoração em resposta, amando “o Senhor teu Deus com todo o teu coração,
com toda a alma, com todo o entendimento e com todas as forças” (Marcos 12:30).
A verdadeira adoração reflecte a profundidade das palavras de Maria, “O meu
coração louva o Senhor” (Lucas 1:46).
“Adoração é a
vida total da igreja através da qual a comunidade da fé diz Amén (Assim seja!)
através do poder do Espírito Santo ao Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo”
(Jinkins 2001:229).
Assim o que
quer que o crente faça é uma oportunidade para adoração agradecida. “Tudo o que
disserem ou fizerem, seja em nome do Senhor Jesus, e por meio dele agradeçam a
Deus Pai”
(Colossenses
3:17; ver também 1 Coríntios 10:31).
Reflexão
De que formas a tua alma louva o
Senhor?
Jesus Cristo e
adoração
A passagem
acima nota que nós damos graças através de Jesus Cristo. Como Jesus, o Senhor o
qual “é o Espírito” (2 Coríntios 3:17), é o nosso Mediador e Advogado, a nossa
adoração flui para o Pai através Dele.
Adoração não
requer intermediários humanos tais como padres porque através da morte de Cristo
a humanidade foi reconciliada com Deus e através Dele podemos agora, “chegar ao
Pai, guiados pelo mesmo Espírito” (Efésios 2:14-18). Este ensinamento é o
contexto original do conceito de Martinho Lutero sobre “o sacerdote de todos os
crentes”.
“… a igreja
adora Deus visto que participa na perfeita adoração (liturgia) que Cristo oferece a Deus em nosso
nome” (Jinkins
2001:229).
Jesus Cristo
recebeu adoração em eventos chave da Sua vida. Uma foi na celebração do Seu
nascimento (Mateus 2:11) quando os anjos e pastores rejubilaram (Lucas 2:13-14,
20), e uma outra foi na Sua ressurreição (Mateus 28:9, 17; Lucas 24:52). Também
ao longo do Seu ministério as pessoas adoravam-No em resposta à Sua interacção
com eles (Mateus 8:2, 9:18, 14:33; Marcos 5:6, etc). Apocalipse 5:12 proclama “O
Cordeiro que foi morto é digno”, referindo-se a Cristo.
Reflexão
Como é que Jesus funciona como um mediador
na tua vida?
Será que a adoração do Novo Testamento a
Cristo sugere um padrão para
eventos de adoração moderna?
Adoração colectiva
no Antigo Testamento
“Cada geração
contará à seguinte o que Tu tens feito e todos proclamarão as Tuas proezas...
Eles darão a conhecer a Tua imensa bondade e em cânticos dirão que Tu és justo”
(Salmos 145:4-7).
O costume de
louvor e adoração colectiva está firmemente enraízada na tradição
bíblica.
Embora hajam
instantes de sacrifícios e homenagens individuais, e também de actividade de
culto pagã, não existe um padrão claro de adoração colectiva do Deus verdadeiro
antes do estabelecimento de Israel como uma nação. O pedido de Moisés a Faraó
para que fosse permitido aos Israelitas celebrar uma festa a Deus está entre as
primeiras indicações sobre uma chamada à adoração colectiva (Êxodo 5:1).
No seu
caminho para a Terra Prometida Moisés prescreveu certos dias de festa que os
Israelitas deveriam observar fisicamente. Estas estão escritas em Êxodo 23,
Levíticos 23 e noutras passagens, e tem com significado a comemoração relativa
ao passado de Israel com a sua saída do Egipto e a sua experiência no deserto.
Por exemplo,
a Festa dos Tabernáculos foi instituída para que as gerações dos Israelitas
soubessem que Deus é que os “alojou em tendas” quando Ele os tirou da terra do
Egipto (Levíticos 23:43).
Que a
observância destas convocações santas (reuniões) não representavam para os
Israelitas um calendário de adoração anual encerrado é tornado claro pelos
factos escriturais que, mais tarde na história Israelita, duas adicionais
celebrações anuais de restauração nacional foram adicionadas.
Uma foi o
Purim, um “acontecimento com banquetes e grande alegria” (Ester 8:17; também
João 5:1 refere-se possivelmente ao Purim).
A outra foi a Festa de Dedicação no
Inverno. Durava oito dias começando a 25 de Quisleu (Dezembro) no calendário
Hebraico, e celebrava através de luzes a limpeza do templo e a vitória de Judas
Macabeu sobre Antióquio Epifânio em 164 AC ª. Jesus Ele próprio, “a luz do
mundo”, estava presente no templo nesse dia (João 1:9; 9:5; 10:22-23).
Também, vários dias de jejum foram proclamados em meses escolhidos
(Zacarias 8:19), e Novas Luas foram observadas (Esdras 3:5,
etc).
Existiam
ordenanças, rituais e sacrifícios diários e semanais públicos. O Sábado semanal
era um mandamento de “assembleia de oração” (Levíticos 23:3), o sinal do Antigo
Pacto (Êxodo 31:12-18) entre Deus e os Israelitas, e também uma dádiva de Deus
para o seu descanso e benefício (16:29-30). Em conjunto com os dias santos
Levíticos o Sabádo era visto como parte do Antigo Pacto (Êxodo
34:10-28).
O templo era
outro factor significativo no desenvolvimento dos padrões de adoração do Antigo
Testamento. Jerusalém com o seu templo tornou-se o lugar central para onde os
crentes viajavam para observar os vários festivais. “Dentro de mim derramo a
minha alma ao lembrar-me de como eu ia com a multidão, guiando-a em procissão à
casa de Deus, com brados de júbilo e louvor, uma multidão que
festejava” (Salmos 42:4; ver também 1 Crónicas 23:27-32; 2 Crónicas 8:12-13; João
12:12; Actos 2:5-11, etc).
A total
participação nas adorações públicas era restringida no Antigo Testamento. Dentro
do recinto do templo as mulheres e crianças normalmente não estavam autorizadas
ao átrio principal de adoração.
Os homens
castrados e bastardos estavam proibidos, e vários grupos étnicos tais como os
Moabitas “nunca” deveriam ser admitidos na assembleia (Deuteronómio 23:1-8).
Curiosamente, ao analisar o significado do conceito Hebraico de “nunca”, vemos
que Jesus descende por parte da Sua mãe de uma mulher Moabita chamada Rute
(Lucas 3:32; Mateus 1:5).
Reflexão
Como é que a adoração no Antigo Testamento
ajudou a estabelecer uma identidade nacional para
Israel?
Adoração colectiva
no Novo Testamento
Existem
diferenças distintas entre o Antigo e Novo Testamento no que diz respeito à
santidade em relação à adoração.
Como foi
notado, no Antigo Testamento certos lugares, tempos e pessoas eram tidos como
mais santos e portanto mais relevantes para as práticas de adoração que
outros.
Com o Novo
Testamento, contudo, de uma perspectiva de santidade e de adoração, vamos da
exclusividade do Antigo Testamento para a inclusividade do Novo Testamento; de
lugares, tempos e pessoas específicas para todos os lugares, tempos e
pessoas.
Por exemplo,
o tabernáculo e o templo de Jerusalém eram lugares sagrados onde “se deve adorar
a Deus” (João 4:20) quando pelo contrário Paulo instrui que o homem deve orar
não somente em locais de adoração assinalados do Antigo Testamento ou Judaicos,
mas “ao fazerem oração em qualquer lugar, o façam erguendo as mãos puras”, uma
prática associada ao santuário do templo (1 Timóteo 2:8; Salmos
134:2).
No Novo
Testamento as assembleias da igreja tem lugar em casa das pessoas, em quartos
superiores, nas margens dos rios, junto aos lagos, nos declives das montanhas,
em escolas, etc. A pregação ocorria em toda a parte (Marcos 16:20). Os crentes
tornaram-se o templo no qual o Espírito de Deus habita (1 Coríntios 3:15-17), e
eles encontram-se onde quer que o Espírito os conduz a
congregarem-se.
Quanto aos
tempos sagrados do Antigo Testamento tais como “um dia de festa, dia de lua-nova
ou sábados”, estes representam “uma sombra do que há-de vir”, a realidade a qual
é de Cristo (Colossenses 2:16-17). Assim o conceito de tempos especiais deixam
de ser na plenitude de Cristo.
Existe
liberdade em escolher os tempos de adoração de acordo com o parecer individual,
congregacional e cultural. “Ou ainda: algumas pessoas pensam que certos dias são
mais importantes do que outros, ao passo que outras pessoas consideram todos os
dias iguais. Ora, cada qual deve proceder conforme a sua convicção” (Romanos
14:5).
No Novo
Testamento as assembleias tem lugar em vários tempos. A unidade da Igreja era
expressa nos crentes pelas suas vidas em Jesus através do Espírito Santo, não em
tradições e calendários.
No que se refere
às pessoas, no Antigo Testamento somente a nação de Israel constituía o povo
santo de Deus. No Novo Testamento todos em toda a parte estão convidados a serem
parte da nação santa espiritual de Deus (1Pedro 2:9-10).
Do Novo
Testamento aprendemos que nenhum lugar é mais sagrado que qualquer outro, que
nenhum tempo é mais sagrado que qualquer outro, e que nenhuma pessoa é mais
sagrada que qualquer outra. E aprendemos que Deus, O qual vê a todos de igual
forma (Actos 10:34-35), vê também de igual forma todos os tempos e
lugares.
No Novo
Testamento a prática das reuniões é vivamente encorajada (Hebreus
10:25).
Muito está
escrito nas epístolas àcerca do que acontece nas assembleias de igreja.
“Procurem fazer tudo isto de modo que os faça crescer na fé” diz Paulo, e “façam
tudo isso com dignidade e na devida ordem” (1 Coríntios 14:26,
40).
A realizações
principais da adoração colectiva incluíam a pregação da palavra (Actos 20:7; 2
Timóteo 4:2), louvor e acção de graças (Colossenses 3:16; 1 Tessalonicenses
5:18), orando pelo evangelho e uns pelos outros (Colossenses 4:2-4; Tiago 5:16),
partilhando notícias da obra do evangelho (Actos 14:27), e dando para as
necessidades da igreja (1 Coríntios 16:1-2; Filipenses
4:15-17).
Os eventos
especiais de adoração incluíam a comemoração do sacríficio de Cristo. Mesmo
antes da Sua morte Jesus instituiu a Ceia do Senhor ao mudar completamente o
ritual da Páscoa do Antigo Testamento. Em vez de usar a ideia óbvia do cordeiro
para indicar o Seu corpo morto por nós, Ele escolheu usar pão partido por
nós.
Em adição,
para representar o Seu sangue derramado por nós, Ele introduziu a ideia do
vinho, o qual não tinha parte no ritual da Páscoa. Ele converteu a cerimónia da
Páscoa do Antigo Testamento numa prática de adoração do Novo Testamento para que
sempre que comamos o pão e bebamos o vinho proclamemos a morte do Senhor até que
Ele venha (Mateus 26:26-28; 1 Coríntios 11:26).
Adoração não
é somente àcerca de palavras e acções de louvor e homenagem para com Deus. É
também àcerca da nossa atitude para com os outros. Assim ir adorar sem um
espírito de reconciliação é inapropriado (Mateus 5:23-24).
Adoração é
física, mental, emocional e spiritual. Ela envolve tudo da nossa vida. Nós
oferecemo-nos “a Ele como ofertas vivas, santas e agradáveis”, o qual é o
verdadeiro culto (Romanos 12:1).
Reflexão
Compara a adoração no Antigo Testamento
com a adoração no Novo.
De que formas é que a adoração do Novo
Testamento dá essência à tua prática na tua congregação
local?
Conclusão
Adoração é uma declaração àcerca
da valiosa importância e glória de Deus, expressa através da vida do crente e
através da participação dele ou dela na comunidade dos crentes.
Bibliografia
Do website da
WCG: http://wcg.org/lit/AboutUs/beliefs/worship.htm
“Adoração é a
resposta de criação divina para com a glória de Deus. É motivada pelo amor
divino e flui da revelação de Deus de si próprio em comunhão com a Sua criação.
Na adoração, os crentes comungam com Deus o Pai através de Jesus Cristo pelo
Espírito Santo. A adoração envolve dar prioridade a Deus humilde e alegremente
em todas as coisas e é expressa em tais acções e atitudes como a oração, louvor,
celebração, generosidade, actos de misericórdia e
arrependimento.”
Ver literatura da WCG em:
http://wcg.org/lit/spiritual/worship/index.htm
Barackman, Floyd H. 1981,
reimpressa 1992. Teologia Cristã
Prática. USA: Kregel Publications.
Jinkins, Michael.2001. Convite à Teologia. USA: InterVarsity Press.